Pressentimento
Célia
Laborne Tavares
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Partimos para as auroras – e pouca gente o percebeu – porque pressentimos os
primeiros caminhos da luz. Além dos árduos processos de busca, no país da paz,
a flor se entrega ao persistente indagador.
É
preciso primeiro, colher cristais sob as areias do deserto, ou junto às
nascentes do rio, porque sua transparência pode surgir nos lugares mais
imprevistos e, na hora da colheira, todos os cristais refletirão a luz.
Seguiremos,
então, leves mensageiros dos bosques povoados, enquanto nos forem solicitadas
as comunicações; enquanto de nossas palavras toscas brotarem as sementes
certas. (Leves mensageiras do amor universal que pede participação a cada dia,
em cada porta). Portadoras do primeiro acordar em festa, da primeira palavra de
alegria viva, vamos nos revelando.
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O tempo, em ebulição, está à espera de antigas lições, de solicitações sábias
para o novo crescimento. No país de todos, as revelações são as metas maiores
que muitas vezes se atrasam, mas sempre se fazem presentes de uma forma ou de
outra.
Sem
o perceber, partimos, como aladas companheiras das estrelas para as esferas
mais altas que transcendem os engenhos humanos e se candidatam ao amor em
plenitude; ou como pequena irmã de libélulas, volteia-se em torno da luz até
tornar-se a própria luz.
***
Portando nas mãos o archote do tempo vamos saindo das eras mais sombrias para o
amanhecer de auroras translúcidas, onde cada qual começa a distinguir o seu
roteiro, muito próprio e intransferível.
O
passado é tão somente o alicerce que sustenta a nova estrutura e se faz raiz
viva de seiva ou sangue, para a maturidade dos frutos ainda não colhidos.
Quem
já se recolheu ao silêncio e confidenciou a ele suas dúvidas mais profundas,
começa a receber surpreendentes respostas – e nem sempre sabe como
compartilhá-las tão sutis são as mensagens, tão fantásticas as revelações
iniciais.
Mais
cedo ou mais tarde, toda a Terra será um berço fértil na madrugada que desponta
e as palavras serão fracos marcos para a orientação dos caminhos. Quando as
palavras começam a adormecer, as realidades da vida se implantam e ninguém
poderá escapar às suas verdades, à beleza que se abre quando a fantasia dá
lugar ao brilho das descobertas.
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Cada silêncio mais íntimo, mais interior, é como o iluminar de noites velhas,
como o desfazer de sonhos maus, como o participar da grande festa.
O
simples pressentir das lições do silêncio desfaz as mágoas mais enraizadas,
harmoniza todas as vibrações, reconcilia todas as lutas. E agora, é o tempo
próprio para se começar a difundir as lições do silêncio perfeito. A rosa, hoje
foi posta em tua mão.
In, "O Quinto Lotus", por Célia Laborne Tavares, edição da autora.
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