Célia Laborne, artista múltipla
Conheci Célia
Laborne desde criança, quando da criação do Minas Tênis Clube. Célia morava em
frente, era nadadora oficial do Minas, conquistando ali várias medalhas.
Aquela coragem
de se jogar nas águas da piscina, percorrer espaços, conquistar prêmios, não
era para qualquer adolescente da época. Lembro-me de ficar sentada na
arquibancada, torcendo por aquela nadadora mirim que, aos 12 anos de idade,
conquistava troféus.
Mais tarde fui
encontrar Célia na Escola
de Belas Artes Guignard, onde ela se inscreveu na primeira turma. Célia era
muito sensível, desenhava flores e paisagens do parque e dava preferência às
aguadas transparentes. O elemento água preponderava em seus trabalhos muito
elogiados pelo mestre Guignard.
Transparência,
sensibilidade, observação da natureza, das árvores, dos céus de Minas. As
aquarelas e o desenho de linha com lápis duro, estimulados pelo mestre,
caminharam juntos com outra forma de expressão da artista, a palavra escrita e
falada. Surgiram versos espontâneos, líricos. O lirismo próprio de nossas
montanhas, transbordava nos versos e nas cores, conjugando as duas formas de
arte numa só inspiração.
Célia guardava
os versos, que lhe vieram muito antes da pintura, desde os 13 anos de idade.
Eram seus, o seu colóquio com os níveis mais profundos de consciência, uma
abertura para o campo imensurável da poesia. Seus poemas surgiram da
necessidade de expressão de uma jovem de Minas Gerais que, das montanhas
lançava o seu canto.
Ser artista é
um caminho neste planeta, um caminho de abertura de consciência, um diálogo com
Deus.
Seus textos
espiritualistas despertaram a atenção de pessoas ligadas à mesma sensibilidade,
muitas vezes residindo em lugares distantes. Foi do Oriente que ela assimilou a
profundidade dos pensamentos filosóficos e poéticos.
Célia foi
cronista de vários periódicos da cidade de Belo Horizonte e sua coluna ficou
conhecida através do jornal “Estado de Minas”,
onde ela ocupava o espaço denominado “Vida
Integral”. Célia foi a primeira e quase única jornalista que divulgou as filosofias
orientais e as técnicas de meditação, relaxamento e a importância da
respiração. Seus seguidores são múltiplos, e sua mensagem transpôs as
fronteiras de Minas, para alcançar outros espaços mais amplos. Atravessou os
mares, foi bem recebida em Portugal, na Europa e nos Estados Unidos. Em
Florianópolis eles se transformaram em vídeo, através da iniciativa de um
seguidor.
A mensagem de
Célia é poética e espiritual, e penetra num espaço pouco explorado pelos poetas
modernistas. Situa-se numa linha bem própria, estudando mestres de Yoga tais
como Vivekananda, o primeiro a introduzir a Yoga no mundo ocidental. Sua
mensagem é ecumênica, abrange religiões, filosofia e as ciências mais modernas
tais como a física quântica. Ela partiu do estudo mais denso para os mais
sutis.
Seu universo
está situado em níveis mais altos de consciência, naquele espaço onde a palavra
toca a alma das pessoas para ajuda-las a transcender o cotidiano.
O cotidiano é
importante, mas existe um espaço além, onde muitas vezes a palavra não consegue
penetrar.
Os textos de
Célia nos conduzem para este espaço além do noticiário dos jornais. Célia é
jornalista e poeta e continua divulgando suas mensagens através de seu blog “Vida em Plenitude”.
Ali a palavra é
o toque mágico que nos conduz ao infinito, para uma dimensão transcendente,
além da Terra.
Todos nós
devemos um pouco a esta mensageira da paz e da harmonia entre os seres vivos.
Maria Helena Andrés
Reproduzido de Blog de Maria Helena Andrés
06 jan 2015
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