Florianópolis abalando nas mídias com as ruas em chamas: e, eu com isso?
Quando
a polititicagem da ilha de “belezas sem par” e da Santíssima Catarina da
Tríplice Aliança se prestarem a encarar e assumir suas responsabilidades
pessoais/coletivas nos cargos que ocupam, prestando o necessário serviço à sociedade
ao invés de apenas mamarem nas tetas cornucópicas dos poderes, vai que tudo não
apenas se disfarce de “paz” e “tranquilidade pro nosso cidadão”, e a situação
volte “a “normalidade”, “cessem” os “transtornos” e que “o bem já venceu o mal”...
Assim
disseram, com cara de compungidos borocoxôs, as apresentadoras do Jornal do Almoço
RBS/SC 17/11/12), e o presidente da SETUF – o Sindicato das Empresas de
Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis – parecendo demonstrar
infinita preocupação com a qualidade vida dos motoristas, cobradores e
passageiros. Além disso, sabemos da preocupação em relação ao patrimônio (não
segurado) de suas empresas. Cenas anteriores e seguintes, Carnafloripa, festival
de música eletrônica, reforço da PM contra o “terrorismo”, uma outra notícia final
sobre “solidariedade” para afagar o coração dos espectadores/consumidores tão “quiridos”.
Tudo
normal para a mídia no papel dela de des-informar e manter a notícia quentinha
na cabeça do povo sob os panos com suas chamadas urgentes, seus plantões de
notititícia das fofocas que aquela “gente faz pra você”... O jornal foi muito,
digamos, mixuruca, pois que não botaram mais fogo pelas ruas para que o show
midiático fizesse as delícias da dieta informacional do dia. Ó céus, ó azar...
Que
“normalidade” seria essa para esse “pedacinho de terra perdido no mar”? Que a
polititica e os des-mandos continuem na paz da mesmice desse “amor” e
solicitude dos poderosos pela ilha? Que se apagassem os focos de uns incêndios
para que esses não revelassem outros?
No
mais, que “bandidos” são esses cujos alvos são “aterrorizar” a população
atacando os motoristas e cobradores dos ônibus, os PM nos postos guardando a
serenidade dos que dormem sossegados pela madrugada? Esses pobre-coitados são
tão explorados pelo “regime” quanto a população pé de chinelo que segue aflita
pela vida e seus afazeres, quando era feriado nessa sexta (16/11) apenas para
expressiva parte dos servidores públicos estaduais, e seus digníssimos
representantes da elite de raposas velhas e novas da polititica regional...
E,
de qual “bandidagem” estamos tratando? De laranjas pés de chinelo, explorados que
entopem as cadeias e cumprem ordens de outros mandatários, ou dos que cometem
os crimes de estelionato, prevaricação, improbidade administrativa, também
soltinhos da silva que trabalham e moram muito bem, e muito além das zonas de
maior “periculosidade”? Esses não andam de ônibus em comboio, escoltados pela
PM solícita na defesa dos “cidadãos”.
Se
por uma infelicidade e completa atrocidade fossem os alvos as lanchas e carrões
importados, os domicílios nobres ou as cadeiras almofadadas de gabinetes de
poderosos, aí sim, que o ”high society “ de uma Florianópolis em chamas teria
abalada as mais sacrossantas bases da ordem e do progresso republicando tão
formosamente representados pelos diligentes e dirigentes das santíssimas
alianças que se fazem aqui na Capitania Hereditária há 500 anos.
Fazer
promessas “Por uma cidade mais humana” é fácil, fácil, quando o real interesse dos
nobres mandatários legitimados pelo voto parece ser manter a desordem, e a
confusão generalizada, para que eles mesmos se apresentem como os salvadores da
pátria e de tudo o que desassossega o cidadão/eleitor.
Será
que os quase não eleitos César Júnior e João Amim vão se prestar a fazer mais
que “sincronizar os semáforos” para resolver os problemas de trânsito do
município ou, segundo seu folhetim eleitoreiro, ir além da constatação de que “a
Guarda Municipal é uma fábrica de multas” e ele “vai cuidar das praças e da
porta das escolas para a proteção de nossas crianças”? Aliás, nem deram ainda
as caras para falar do assunto ao povo, ao cidadão aterrorizado...
Quem
sobreviver às noites e dias de “terrorismo” verá o que virá: aumento das
tarifas do transporte urbano, engarrafamentos de verão, acidentes e mortes,
falta de infraestrutura, navios e cruzeiros que não atracam, falta de água, e a
mesmice da “paz” na ilha da fantasia no verão que chega e das estações que se
sucedem inalteradas.
Que
os defensores do voto branco e nulo no segundo turno das eleições em
Florianópolis sejam os primeiros da fila a enfrentar os cacetetes, bombas de
gás lacrimogêneo e tirania, da PM e dos guardadores das virtudes republicanas
que nessa semana saíram em prestimosa defesa dos cidadãos e cidadãs da Grande Florianópolis
e do Estado da Santíssima e milagreira Catarina. Esse circo polititico e midiático
armado com idiotas mal humorados, no picadeiro e nas arquibancadas, vai pegando
fogo...
Sairá
tudo no Jornal do Almoço e nos “shows da vida”, no prato feito da notícia entre
sangue, ostras e champanhes importadas, com as inevitáveis matérias requentadas
do arrozinho com feijão da mídia, como é feito todos os anos... e os borocoxôs seremos
muitos de nós a assistir a mesmice, omissos e coniventes com tantas “belezas
sem par” nos horrores que acontecem e arranham a imagem da “capital do turismo
do Mercosul” com Índice de Desenvolvimento Humano e delírios de grandeza na
estratosfera, afofando almofadas, esquentando travesseiros e assentos, acompanhando
a propalada calamidade pública pelas telas. Vidiotas e cidadãos sem direitos,
com indigestão crônica pelo que essa classe dominante nos enfia goela abaixo,
alienados de qualquer traço de dignidade humana.
Quando
a consciência cidadã estiver no limite da azucrinação e indignada com tantos
bandidos, malfeitos e mal-feitores da senzala política e midiática é que mais
que um milagre acontecerá nessas bandas. Com tantas notícias muitas vezes bem
plantadas, com requintes tecnológicos, cores e gostos para a persuasão do povo espectador
de tantas des-ordens, há que se ir até as raízes dos fatos para des-cobrir o
que produz tudo isso e, lutar para a vivência e plenitude dos direitos nesses
mares, ilhas e desertos com suas “matas escuras” de caçadores e caças de
culpados, de bandidos e mocinhos na luta do bem contra o mal nesse mundinho de
falta de vontade de mudar, de não transformar nada.
E
eu com isso?
Eu
creio que sobra incêndio onde falta luz interior... e, o que seja bondade e
ruindade começa ali, bem dentro da gente.
Então,
vou me fazer, ser e sentir “caçador de mim”. Querer ser nessa vida nos faz
assim, estar numa ilha e nesse mundo sem ser deles, “sem nada a temer, senão o
correr da luta”, sonhando e realizando, dia a dia na des-coberta de uma vida,
do bem conviver e do bem viver para todos... consciência cosmocidadã...
Seguir
nesse caminho de amadurecimento e aprofundamento, na com-paixão, na paz e
alegria com o Outro, na Educação vivida com amor, porque “ordem e progresso” num
sentido mais profundo só virão quando formos conscientes de nossa dignidade,
responsáveis com a devida coragem e boa vontade para mudar o que seja preciso na
busca e na entrega a uma harmonia que promova a re-evolução, pessoal,
comunitária, fraternal, verdadeira solidariedade que co-mova os corações e
mentes numa comum-única-ação, ascensão numa luz que incendeia o universo...
As
estrelas que o digam, e nos indiquem esses possíveis caminhos para nos
e-levarmos a esse Outro Mundo tão querido...
Leo Nogueira Paqonawta