sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Nosso Karma É Amar...


Quando pressentimos a Primavera que chega como alvorada de um Tempo Novo nossa Alma sorri...

É a consciência da Unidade que a tudo e a todos interliga num imenso e terno amplexo de Amor. Aquele calor sobe, sereno, das profundezas de nosso Ser aflorando as mais recônditas virtudes latentes no Eu, que Se entrega em doçura e suavidade à comunhão de perfumes emanados de cada Criatura Irmã...

Aqueles saudosos e dolorosos momentos em que a "pás" nos revolveu a secura dos sentidos - retirando raízes antigas e mortas, revitalizando a terra que foi barro soprado - ganham sentido contrário e os pés se desprendem do solo refertilizado. Eles volitam e pairam acima das intempéries e incertezas que faziam angustiantes os dias acalorados, as semanas tristes de outonos quase sem fim, os meses em que frio e medo nos desestimulavam qualquer esperança.

As podas sempre são necessárias para que o caule se erga forte e vigoroso para a promessa da flor se concretizar no Tempo das Cores... Noites e sombras se desvanecem, como por encanto da Mãe Natureza, e aquelas estrelas que nos piscavam brincalhonas cedem sua luz ao esplendor do Sol que saúda e abençoa as montanhas altas, os vales pululantes de vida, as praias serenas, a imensidão do mar, os silenciosos desertos que parecem meditar...

A vida É um milagre em todos os recantos, linda em todos os momentos, e as oportunidades de crescermos em Sabedoria fazem a maravilha do Amor que a tudo magnetiza em ondas infindas vibrantes de carinho, dedicação, convidando à harmonia e à doação como resposta óbvia à Boa-Nova Eterna, a Grande Mensagem da Paz...

As Pérolas recebidas foram partilhadas mesmo com os porcos, quando Eu beijava seus focinhos e compreendia os grunhidos mal articulados, sujos. As Flores de Lótus distribui todas elas que não me cabiam nas mãos que se fizeram instrumentos para desenhar corações e cometas coloridos, Crianças Puras que brincavam e aprendiam de Si mesmas num Jardim aberto a quem quisesse chegar lá...

Meninos melequentos, mães entristecidas, pais sem forças para ganhar o pão de cada dia, velhinhos solitários...
Ricos e despossuídos, todos Pobres de Luz Espiritual, Carinho, Amor, Alegria e Paz...

Sentado, amorosamente, à beira do lago quieto dos poetas, ouvi os passos do Bem-Amado que chegava de mansinho, trazendo no Cálice da Afeição as águas puras das nascentes das serras distantes de Sua Infância, um cesto delicado com as frutas mais exóticas e de caroços grandes, o mel das abelhas mansinhas, sementinhas de flores, folhas de árvores onde reclinou a cabeça, pequeninas pedras que dançavam em suas sandálias conhecedoras de paisagens inusitadas. Fuligem de marias-fumaças misturada aos flocos de neves, pó de asas de borboletas e poeira de caminhos de Menino Bem-Aventurado...

Meus olhos encontram os Seus e não Me surpreendo de Nossa Semelhança, reflexos Um Com o Outro no espelho desse olhar...

O Seu Nome, O pronuncio e, Ele O Meu, num indo e vindo de um mantra brotado de Nossos Corações Unificados pelo Poder do Cosmo...

Levanto-me para receber Suas dádivas e Lhe entrego uma coroa de Rosas tecida das que floriram em Meu Peito que agora bate Junto ao Dele...

Às margens daquele lago, que se fez imenso mar de estrelas e galáxias de todos os formatos e cores, tomamos o Barco de Nosso Destino. E rumamos para aquela Ilha Mágica, Branca, que surge aos Nossos Olhos encantados, habitada por tantas Outras Almas Lindas que nos esperavam...

Lágrimas e risos caem como orvalho no Jardim em que Nos encontramos, e brilham como pequeninos diamantes, reflexos de estrelas nas pétalas macias e veludosas, perfumadas...

Nossas mãos se entrelaçam carinhosas, e sabemos que elas se afastarão uma da outra apenas quando os frutos daquela Árvore de Vida Saborosa forem distribuídos aos carentes, pedintes e necessitados de Nosso Amor tão entranhado em Deus...

Sei que estamos em Casa, com o Pai e a Mãe, e porque assim Lhe foi dada e Ele É o Senhor da Chave do Cofre dos Tesouros do Universo, aceito com Alegria Infinita Seu convite para que repartamos essas preciosidades aos Filhos e Filhas do Calvário, do Alverne, daquelas serras azuis esmeraldinas que fitamos ao longe...

Sem passado nem futuro, Somos Juntos neste Eterno Presente em doação de Nós mesmos a criar histórias lindas, cuidar dos famintos e sedentos, fazer o milagre de multiplicar pão e peixe, de descobrir o sorriso em cada face gravada pela dor, revelando-lhe os caminhos para um Jardim, um Reino de Amor que É Tudo, O Todo...

Incentivar para que cada Um encontre o Seu Mapa do Roteiro e se dirija para lá, onde todos os atalhos e desvios se encontram no Grande Caminho que atravessa os mares e rios e dá no Dourado Portão...

Este É o Presente: a Primavera aconteceu em Nossas Almas, e por mais Estações que a Terra conheça o Nosso Destino, o Nosso Karma É Amar...

Reconheço aquela música antiga, dos tempos de descoberta e meninice, e entôo novamente o pequenino verso que se faz em mil e uma rosas a flutuarem pelo lago, pelos mares e ares, soprados pelos ventos e brisas a todos os recantos da Terra:

...É Primavera em Nossa Alma
Um Terno Amor desabrochou
Trazendo ao Mundo Novo Perfume
Sua Flor Amiga, Criança Linda
É Seu Amor...

E Eu, Junto com Ele, sorrio...
Sorrimos, rimando Nossos Corações com aquela Sinfonia Divina que toca que a Primavera É Paz na Terra aos de Boa-Vontade...

Que a "pás" nos Corações faça a Luz para que haja Paz na Terra...

Que Todos Se Encontrem também, e Encontrem essa Bem-Aventurança...

É Primavera, enfim, Recomeço.
Eternidade...

Leopoldo

1999

Nenhum comentário: