..."Dizem que certa vez Buda fez um sermão sem dizer uma só palavra: simplesmente mostrou uma flor para a multidão. Assim foi seu famoso “Sermão da Flor”, um sermão na língua dos padrões, no silencioso idioma das flores. Sobre o que nos fala o padrão da flor?
Se olharmos atentamente uma flor, assim como qualquer outra criação natural ou ainda algo feito pelo homem, encontraremos uma unidade e uma ordem comum a todos. Essa ordem tanto pode ser percebida em algumas proporções que se repetem sempre, como também na maneira do crescimento dinâmico de todas as coisas _ naturais ou construídas _ pela união de opostos complementares.
(...)
A intensidade da busca do Amor e da harmonia dá ao Song of the Cosmos e à Divina Comédia seu poder numinoso, capaz de despertar a admiração. As duas obras mostram que existe uma ordem ilimitada que dá forma á nossa existência, uma ordem de totalidade tão insondável quanto ao do Cosmo e, ao mesmo tempo, tão terrível como a ordem do átomo, quando violentada.
A antiga sabedoria hebraica da Cabala diz que somos seres fracionados, vivendo em um mundo também fracionado. Ela nos ensina que nossa tarefa na vida é a de devolver á unidade tantos fragmentos quantos possamos encontrar no caminho de nossa vida. esta é a arte de ser humano. A palavra hebraica shalom contém em si mesma esta sabedoria: significa não apenas “Paz”, mas também “totalidade”.
Somos todos adolescentes no limiar de uma nova era de maturidade. talvez, um dos caminhos que nos leve à sabedoria da maturidade seja o das proporções, a senda dos limites compartilhados que devemos encontrar em meio à erva daninha que cresceu nesses caminhos. As proporções são limitações compartilhadas. Como relações, elas nos ensinam o mana de compartilhar. Como limitações, elas nos abrem as portas para o ilimitado. Esse é o poder dos limites.
O poder dos limites é a força que está por trás da criação. Quando dois seixos, um perto do outro, são atirados na água, criam ondas de padrões circulares que, ao se juntarem, formam elipses que vão se ampliando até que _ além dos limites desse desenho _ tornam-se círculos também. Enquanto isso, os primeiros círculos fechados com o centro em si mesmos, eles crescem formando arcos parabólicos, que vão além de si mesmos, na busca do infinito.
Seria isso apenas um padrão de seixos, de vibrações, ou também uma metáfora para o Amor, para o poder dos limites compartilhados e o próprio ato criador?
(...)
Quando compartilhamos nossas limitações com as dos outros, como o fazemos na relação áurea de vizinhos, complementamos nossas falhas e as dos outros, o que nos possibilita criar assim uma harmonia viva na arte da vida, comparável às harmonias criadas na música, na dança, no mármore, na madeira e na argila. É possível viver dessa maneira porque as proporções do compartilhar recíproco, as proporções de ouro da Natureza, estão integradas em nossa própria natureza, em nosso corpo e mente, pois que eles também fazem parte dessa natureza. os processos básicos de formação de padrões que ela já utiliza para dar forma tanto à mão humana quanto à mente podem continuar a guiá-las no que quer que estejam dando forma, desde que as mãos e as mentes mantenham-se fiéis á Natureza.
Assim, as melhores criações humanas são imortais e até mesmo sagradas, como uma flor recém-desabrochada. Voltando ao ponto de início, com Buda segurando a flor de seu discurso sem palavra, vemos sua mão representada em primeiro plano no gesto de ensinar. Quando ela se abre, o dedo indicador percorre a mesma espiral logarítmica que se abre nas miríades de formas da Natureza. Os movimentos combinados dos cinco dedos criam o desenho do Lotus de mil pétalas, símbolo da concretização da Perfeição.
Mas essa mão não é apenas a de Buda: é a mão de cada ser humano.
O Poder dos Limites
Harmonias e Proporções na Natureza, Arte e Arquitetura
György Doczi
György Doczi
Veja mais:
http://www.theosophy.org.nz/fundamen.htm
Essa página tem um texto simples e lindo, curto...
http://home.earthlink.net/~johnrpenner/Articles/GoldenLogos.html
Essa página fala de suas idéias principais e da Golden Apple
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